"Alguém certa vez disse que as histórias só ocorrem com aqueles que são capazes de contá-las.
Do mesmo modo, quem sabe, as experiências se apresentam àqueles que são capazes de vivê-las.”

(João Ubaldo Ribeiro)

Tenha a santa paciência

Olá, pessoal!!! Hoje encontrei um texto antigo, que escrevi em 2005 para alguma publicação. Ele fala sobre a paciência que precisamos ter ao aprender a dançar.
Compartilho com vocês e em breve retomarei o assunto, já que ele está presente na rotina de muitos aspirantes a dançarinos de salão.


Dois para lá, dois para cá, abre, fecha, abre, fecha...
 - Não. Vamos começar de novo.
Dois para lá, dois para cá...
 - Você pisou no meu pé outra vez! Vai...de novo.
Dois para lá, dois para cá...
 - Não! Você está dançando muito rápido! Mais uma vez...
Dois para lá, dois para cá...
 - Chega...eu não quero mais dançar. 
 - Mas...
 - Mas nada...chega!  

Diálogos assim, infelizmente são comuns entre casais em bailes, festas e até nas aulas de dança de salão. Se parar pra observar, com certeza vai achar alguém à sua volta discutindo deste jeito (ou até pior), quando não, é você mesmo quem está nesta situação. Cuidado! Você pode estar sendo alvo de um dos mais poderosos males do século: a ansiedade. 

A ansiedade atropela o tempo, não tem limites, busca além do que lhe é possível naquele momento, atrapalha, confunde, irrita, leva ao stress. Você pode ter talento, dom, agilidade, e mais um monte de qualidades que facilitem seu aprendizado, mas, se não houver paciência, sinto muito. 
Ora o (a) outro (a) erra o passo, ora é você quem não acerta. Às vezes a música está mais rápida, em outras, devagar demais. Mas, quem disse que você tem que acertar sempre? Quanto mais carregar a ansiedade pra lá e pra cá pelo salão, menos o aprendizado e a realização vão querer lhe acompanhar. 
Por isso, relaxe, sinta a música, tente outra vez, e quantas outras forem necessárias – afinal, o prazer está exatamente na busca pelo encontro, pela cumplicidade. 
A paciência é o segredo. Respeite seus limites e, principalmente, os limites da pessoa com quem está dançando. Cavalheiro, você é o responsável pelo prazer da sua dama. E você, dama, permita ser conduzida, espere, experimente a prazerosa surpresa da descoberta de cada movimento.
Se você não se contenta em estar abraçado (a) com uma pessoa agradável, curtindo uma bela música, não está sabendo aproveitar o melhor da vida. Esqueça dos que estão à sua volta, eles também estarão ocupados com seus próprios movimentos. 
Dançar bem precisa ser a conseqüência e não a causa. Dedique-se primeiro ao seu bem estar. Você estará lindo (a) no salão quando aprender a não se preocupar tanto. 
E lembre-se: um passo de cada vez. A felicidade não estará te esperando lá no fim do baile. Ela chega e te abraça justamente no instante em que você consegue juntar a batida de dois corações ao toque de uma música, para serem conduzidos num só ritmo, numa só pulsação.  

(texto de Amanda  Reis -12 de maio de 2005).


Amanda Reis - jornalista
novembro/2011
* O uso de parte ou de todo o texto não é permitido sem a devida autorização da autora

Um comentário:

  1. Amanda, está lindíssimo, como tudo que você faz! Parabéns, menina! bjs Rô.

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